A obesidade é uma problemática enraizada em Portugal. Um estudo realizado pelo INE em 2014 mostrava um cenário com tendências negativas e uma realidade preocupante: mais de 1 milhão de adultos portugueses sofre de obesidade – isto representa cerca de 16,4% da população adulta em Portugal, tornando a obesidade talvez o maior problema de saúde pública em Portugal.

Mas afinal, o que é a obesidade?

A obesidade, ao contrário do que acontecia há alguns anos atrás, já não é somente um problema estético. A obesidade foi classificada como uma doença crónica e progressiva resultante de um conjunto de fatores ambientais e genéticos. A obesidade é uma doença e, como tal, tem de ser diagnosticada, tratada e acompanhada. Sendo uma doença progressiva, o acompanhamento pelos profissionais de saúde deve ser prolongado e muitas vezes perpétuo, para assegurar o bem estar e a qualidade de vida do utente.

A doença da obesidade, além dos custos na saúde do utente que vamos aprofundar, tem custos económicos, sociais, psicológicos e de longevidade associados.

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Como é diagnosticada a obesidade?

A obesidade é diagnosticada por um profissional, através de diferentes ferramentas de diagnóstico. A principal ferramenta de diagnóstico e a mais disseminada pelos profissionais é o Índice de Massa Corporal (IMC), um cálculo matemático que é realizado após um exame físico que, através de uma pontuação, atribui uma categoria. Veja um exemplo em baixo:

  • IMC entre 18,9 e 24,9: Normal
  • IMC entre 25 e 29,9: Excesso de Peso
  • IMC entre 30 e 34,9: Obesidade de Grau 1
  • IMC entre 35 e 39,9: Obesidade de Grau 2
  • IMC superior a 40: Obesidade de Grau 3

Complicações na saúde associadas à obesidade

São diversas as complicações na saúde geralmente associadas à obesidade, entre as quais se destacam:

  • Risco de diabetes de tipo 2
  • Níveis de colesterol e triglicerídeos anormais no sangue
  • Tensão arterial elevada, aterosclerose, risco aumentado de problemas cardíacos
  • Problemas respiratórios, como a apneia de sono e asma
  • Complicações no fígado
  • Dores nas costas e nas articulações
  • Risco de cancro (no pancreas, esófago, rins, entre outros orgãos)
  • Problemas urinários
  • Depressão e falta de auto-estima
  • Entre outros…

A geriatria e a obesidade

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Estima-se que, nos EUA, mais de 30% dos adultos com idade superior a 60 anos tenham IMC superior a 30, considerando-se obesos. A prevalência da obesidade geriátrica tem tido um crescimento nas últimas décadas e a expectativa é que o problema se mantenha. Além das doenças que obesidade potencia no utente idoso (doença cardiovascular, por exemplo) a maior ameaça está na falta de autonomia e dignidade que o utente poderá enfrentar nos últimos anos de vida. A falta de força muscular no idoso face ao seu peso impede-o de possuir qualquer tipo de autonomia e independência.

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Opções de tratamento da obesidade no idoso

Sendo que consideramos o utente idosos aquele de idade superior a 65 anos, vamos categorizar as opções de tratamento em idosos de idade inferior a 80 anos e a de idosos de idade superior a 80 anos.

Idosos obesos de idade inferior a 80 anos

Estudos recentes recomendam que a abordagem à perda de peso para utentes de idade inferior a 80 anos seja feita com base em exercício aeróbico e de resistência, para uma segura perda de peso: desta forma, o exercício poderá ajudar a proteger a massa magra e promover a redução de peso. Na abordagem terapêutica do profissional de saúde é importante ter em atenção as limitações funcionais do utente para impedir complicações físicas associadas à prática de exercício físico.

No que diz respeito a terapias tradicionais de perda de peso, estudos mostram que a redução de peso se deve a cerca de 25% de perda de massa magra, o que pode ter efeitos adversos na saúde do utente.

Idosos obesos de idade superior a 80 anos

Não existem estudos científicos que refiram a melhor abordagem clínica para utentes nesta faixa etária. Recomenda-se, no entanto, a promoção da manutenção do peso do idoso, com ênfase numa dieta saudável e exercício físico na medida possível, face às limitações físicas que muitos idosos nesta faixa etária apresentam. Esta abordagem é a abordagem mais apropriada também para doentes terminais e pessoas com síndromes demenciais moderadas ou avançadas.

Terapias de perda de peso que minimizem a perda de músculo e massa óssea são recomendadas para os utentes obesos e que possuam dificuldades funcionais ou complicações médicas que podem beneficiar da perda de peso.

Cuidados a ter na abordagem clínica

Para cada utente, especialmente no que diz respeito à geriatria, a abordagem a cada utente deve ser única e deve priorizar considerações acerca da qualidade de vida do utente, tais como:

  • Problemas funcionais que limitem o exercício físico
  • Osteoporose
  • Perda muscular
  • Síndromes demenciais moderados ou avançados
  • Doenças terminais