De uma forma resumida e simples, um cuidador é uma pessoa remunerada ou não remunerada que ajuda outro indivíduo a realizar as suas atividades de vida diárias (ou AVDs). Normalmente, as pessoas recorrem a cuidadores em casos de doença, idade avançada, deficiências físicas ou mentais. Já em todo o mundo são comuns as empresas de cuidadores (muitas vezes em Portugal referidas como o empresas de “apoio domiciliário”) que fazem a ponte entre os utentes e os cuidadores.

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Mas ser cuidador pode ser uma função a caber a um familiar, por exemplo. Muitas vezes, a necessidade de cuidador e as baixas possibilidades económicas obrigam as famílias a destacar um cuidador informal para ajudar nas atividades de vida diárias. Como veremos mais à frente, isto pode gerar alguma tensão, entre outros problemas associados à função do cuidador. Neste artigo, vamos destacar o cuidador do utente sénior.

Quem é o cuidador?

Como vimos em cima, o cuidador é a pessoa responsável por alguém que não tem autonomia para realizar todas ou algumas das suas atividades diárias. No caso dos idosos, isto pode dever-se a um síndrome demencial, limitação funcional, entre outras patologias.

Quais as funções de um cuidador?

Ser cuidador é muito mais que cuidar. Um cuidador obedece a um conjunto de funções e tem de ter um perfil comunicativo, afetivo e empático adequados que lhe permita executar a sua função com a dignidade que o utente exige.

Funções básicas do cuidador

O perfil do cuidador

O cuidador precisa de ser dotado de capacidades de comunicação que lhe permitam interagir com a pessoa que recebe os cuidados e não só – deve manter canais de comunicação ativos entre os prestadores de saúde primários (médicos, enfermeiros, entre outros) e a própria família do utente.

Funções primárias

Entre outras destacam-se a higiene do utente, a manutenção e higienização do espaço onde se encontra o utente, gestão da lavandaria, compras dos produtos de higiene adequeados. Também a agenda do utente deve ser controlada pelo cuidador, levando o utente a respeitar os seus compromissos (uma consulta médica, por exemplo).

Funções de monitorização

Sendo a pessoa que partilha mais tempo com o utente, o cuidador deve ser responsável por fazer uma monitorização básica do estado de saúde do utente, tendo em especial atenção a:

  • Alterações na respiração
  • Temperatura corporal
  • Medição dos sinais básicos de vida (tensão arterial) em vários momentos dia
  • Medição da glicose em vários momentos do dia
  • Alterações na frequência/forma de micção ou defecação
  • Alterações no humor do utente
  • Monitorização do peso do utente

Funções de alimentação

Além de ajudar, quando necessário, o utente a alimentar-se de forma adequada, o cuidador deve ser responsável pelo equilíbrio da dieta do utente, baseando-se nas recomendações do médico ou do nutricionista. É até, muitas vezes, o cuidador que prepara as refeições no local, devendo nestes casos ter em especial atenção às indicações dos profissionais e não ceder sempre aos pedidos dos utentes.

Muitos utentes idosos necessitam de ajuda na deglutição (devido a complicações de um AVC, Parkinson, demência, etc), pelo que o cuidador deve certificar-se que a comida tem a textura e o tamanho adequados para que a deglutição ocorra sem problemas.

Funções cognitivas e sociais

Estudos mostram existir uma correlação entre o estado de saúde mental e o estado de saúde físico. Nesse sentido, o cuidador tem a responsabilidade de acompanhar o utente em tarefas que lhe permitam realizar alguma estimulação cognitiva, estimular a sua vida social e manter um nível de atividade física adequado à sua condição física.

A realização de passatempos, manutenção de círculos sociais (com amigos, vizinhos, familiares), realização de atividade física (com a aprovação do médico responsável), realização de saídas ao exterior (mais curtos ou mais longos, conforme possível e se possível). O encontro com outros utentes com as mesmas condições de saúde pode ser benéfico para o utente.

Funções de gestão de medicação

Geralmente, um utente da terceira idade a polimedicação pode levar à confusão na gestão da terapêutica. Nesse sentido, apesar de não recomendarmos que a organização dos medicamentos seja feita pelos cuidadores, mas sim por profissionais de saúde qualificados, é importante que o cuidador tenha em atenção a gestão da quantidade de medicação disponível e os prazos de validade.

É também responsabilidade do cuidador que o utente respeite a toma da medicação nos horários definidos pelo médico.

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Serviços de preparação de terapêutica

Serviço realizado por profissionais de saúde experientes e especializados
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Cuidadores formais e Cuidadores informais

Apesar de as funções e as responsabilidades não sofrerem alterações, a distinção entre os dois tipos de cuidadores é muito simples:

  • Cuidador informal é um familiar, amigo, vizinho, com quem o utente já tem uma relação pré-estabelecida. Nestes casos, grande parte das vezes, os cuidadores residem com os utentes. Lembramos que em Portugal, familiares podem usufruir de benefícios fiscais ao assumirem funções de assistência.
  • Cuidador formal é um prestador de serviços com uma estrutura preparada para dar resposta aos utentes. Lembramos que as empresas que prestam estes cuidados devem ser certificados pela Segurança Social e devem responder à lei Portuguesa em todos os seus procedimentos.

Benefícios para os cuidadores informais

Em Portugal, a Segurança Social prevê um “subsídio por assistência de 3ª pessoa”. Para mais informações clique aqui.

Quando escolher/contratar um cuidador?

A escolha do cuidador (veja algumas recomendações mais em baixo) deve ser feita quando a pessoa perde parcial ou totalmente a sua autonomia, sendo impedida de realizar as suas atividades de vida diária. A sua escolher depende inteiramente do tutor e deve ser feita tendo em conta algumas considerações acerca do estado de saúde do utente. É por isso mesmo, que recomendamos vivamente, no caso do utente sénior, que seja realizada uma Avaliação Geriátria Global anteriormente ao processo de escolha.

Recomendações para a escolha de um cuidador

Antes de escolher um cuidador deve ter em atenção as necessidades específicas do utente. Realize uma lista de atividades diárias a serem realizadas pelo utente – qual o grau de especialização que o cuidador deverá ter para ajudar. Nos casos de imobilidade e demência, que tipo de cuidador é mais adequado e qual a experiência necessária para lidar com estas situações? Muitas vezes é necessário recorrer a serviços de enfermagem de permanência. Determine também a necessidade de preparação de refeições e certifique-se que o cuidador tem essas qualificações, caso necessário.

Procure referências do cuidador de uma forma dedicada, certificando-se que pode confiar na pessoa que, potencialmente, irá acompanhar o resto da vida de uma pessoa que lhe é querida. As associações de cuidadores são um bom ponto de partida para escolher um cuidador.